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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



Operação Lava Jato e o Combate à Corrupção e à Impunidade' são temas de debate na EMERJ com o Procurador Deltan Dallagnol

“A corrupção mata mais do que fuzil AR-15 no morro, na mão de traficante. Corrupção drena os recursos dos serviços essenciais, drena os recursos da saúde, educação, segurança pública, dos transportes, da energia.” Com essa declaração, o desembargador Alcides da Fonseca Neto, Presidente do Fórum Permanente de Segurança Pública e Execução Penal da EMERJ, abriu a 8ª reunião do fórum, no Pleno do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), neste dia 30 de junho. O Fórum recebeu como convidado o procurador da República no Estado do Paraná Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato.

Durante o encontro, promovido pela Escola da Magistratura, o diretor-geral da EMERJ, desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, ressaltou que uma das funções da Escola é dar a contribuição do Poder Judiciário à sociedade, debatendo os diversos assuntos de interesse público. “Um juiz não vive numa redoma de vidro com os olhos fechados para o que acontece na sociedade. É necessário que nós brasileiros possamos pensar no Brasil que queremos para o futuro”, declarou o desembargador.

Durante duas horas, o procurador da República Deltan Dallagnol ressaltou as dificuldades encontradas durante as investigações de corrupção no país e citou casos envolvendo dinheiro público. O coordenador da força tarefa da Operação Lava Jato apresentou dados alarmantes. Apenas dentro da Petrobras foram pagos seis bilhões e 200 milhões de reais em propinas. “Embora esse número nos assombre, ele é apenas a ponta de um imenso iceberg. As estimativas da Polícia Federal indicam que os prejuízos da Petrobras somam 42 bilhões de reais. Mas a Operação Lava Jato já alcançou muitos outros órgãos públicos federais, estaduais e municipais.” O procurador ressaltou que existem muitos casos de corrupção, e que a operação Lava Jato não os alcança: “Segundo estimativas, os desvios no Brasil já chegam a 200 bilhões de reais. Esse valor desviado corresponde a três vezes o orçamento da educação, três vezes o orçamento da saúde e cinco vezes o orçamento da segurança pública no país”, afirmou Deltan Dallagnol.

O procurador rebateu as críticas sobre a colaboração premiada, apresentando os resultados da Operação Lava Jato: “280 acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa; 140 condenados; seis ex-parlamentares presos; quase um terço dos senadores e ministros e quase metade dos governadores sob investigação”.

O procurador encerrou a palestra pedindo à sociedade que não perca a capacidade de buscar a justiça: “Não desistam. Lutar contra a corrupção é lutar pelo nosso país, é lutar pelas pessoas que nós mais amamos na face da Terra. Que todos nós possamos construir juntos um país melhor. Nós precisamos abandonar a posição de vítimas do nosso passado para sermos autores da nossa história.” O coordenador da Operação Lava Jato ainda citou Nelson Mandela: “Sempre parece impossível até que seja feito.”

A mesa da reunião do Fórum Permanente de Segurança Pública e Execução Penal foi composta também pelo desembargador Luciano Silva Barreto, vice-presidente do Fórum; por José Maria de Castro Panoeiro, procurador da República no Estado do Rio de Janeiro; pelo desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região; pelo desembargador Mauro Dickstein, vice-presidente do Conselho Consultivo da EMERJ; e pela juíza Renata Gil, presidente da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (AMAERJ).

30 de junho de 2017

Fonte: Assessoria de Comunicação Institucional da EMERJ