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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



Magistradas, advogada e escritora falam sobre “sororidade e dororidade” em encontro na Escola

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O Fórum Permanente de Biodireito, Bioética e Gerontologia e o de Violência Doméstica, Familiar e de Gênero da EMERJ, presididos, respectivamente, pelas juízas Maria Aglaé Tedesco Vilardo e Adriana Ramos de Mello, se uniram na manhã desta quinta-feira (20) para debater o tema “Sororidade”. O termo tem origem na palavra latina soror, que significa “irmã”, e é conceituado como a união e aliança entre mulheres, baseada na empatia e companheirismo, em busca do alcance de objetivos em comum.

A advogada Deborah Prates, presidente da Comissão da Mulher do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), foi convidada para falar sobre a “Importância da Sororidade na Vida da Mulher com Deficiência”. Advogada há mais de 37 anos, Deborah perdeu a visão em 2007 e hoje, ainda advogando, luta pelos direitos das pessoas com deficiência, principalmente da mulher.

A advogada considerou haver apenas uma “sororidade seletiva” e disse: “Eu quero instigar as mulheres para que se unam, para que se abracem e abracem a nossa luta e a nossa causa, porque no momento que vocês nos enxergarem, possibilitarão o nosso desenvolvimento humano, e a partir daí nós, pessoas com deficiência, poderemos voar nas asas de vocês, porque nós ainda estamos no subterrâneo social”.

Dororidade

No segundo debate, a ativista feminista e autora do livro “Dororidade”, Vilma Piedade, contou sobre como surgiu essa termologia e o que ela significa no mundo do feminismo. “Eu sou mulher preta, feminista, sou formada em Letras, e me questionava se o conceito que sustenta o feminismo, que é a ‘sororidade’, me contemplava por completo”, disse Vilma, que é autora do termo “dororidade”.

“Eu sempre frequentei várias reuniões, debates, palestras e o termo ´sororidade’ nunca me contemplou por completo, e eu via outras mulheres e jovens negras que também não se sentiam representadas, porque o termo até uni, mas não contempla. Então eu acabei pensando na representação de dor, e criei a nomenclatura ‘dororidade’, porque o que parece nos unir na luta feminista é a dor. A dor da violência que sofremos no cotidiano, seja física, emocional, patrimonial, moral. No nosso caso, ainda temos a violência racial. ‘Dororidade’ quer falar das sombras. Da fala silenciada, dentro e fora de nós. Da dor causada pelo racismo”, disse a professora.

Violência

A escritora também ressaltou dados da violência contra mulheres negras. “Nós, mulheres e jovens negras, estamos lideramos as taxas de mortes por violência e por feminicídio. O racismo ainda mata no Brasil. ‘Dororidade’ carrega, no seu significado, a dor provocada em todas as mulheres pelo machismo. Contudo, quando se trata de nós, mulheres pretas, há um agravo nessa dor, agravo provocado pelo racismo. Nossa intenção é reunir as mulheres negras, brancas, pardas, todas as mulheres, porque, embora sejamos um grande número no nosso país, nós ainda vivemos situações de vulnerabilidade na sociedade, principalmente a mulher negra”, afirmou a professora Vilma Piedade.


20 de setembro de 2018.

Fonte: Assessoria de Comunicação Institucional da EMERJ.