Fórum discute o Sistema Carcerário no Rio de Janeiro e o uso de Crack por Crianças e Adolescentes
A EMERJ realizou a 15ª reunião do Fórum Permanente de Direito e Saúde, no dia 23 de junho, no auditório Desembargador Paulo Roberto Leite Ventura, com o tema “Entre a Margem e a Inclusão: Os Presos do Rio de Janeiro e as Crianças e Adolescentes Usuários de Crack”. A juíza Isabel Coelho, presidente do Fórum de Direito e Saúde, recebeu as palestrantes Miriam Schenker e Patrícia Constantino, pesquisadoras da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).
Os presos do estado do Rio de Janeiro foram o objeto da pesquisa apresentada pela palestrante Patrícia Constantino, que informou: “estamos, aproximadamente, com 50 mil presos no estado do Rio de Janeiro e quase 750 mil presos no Brasil. Éramos a quarta maior população carcerária do mundo até o ano passado, agora somos a terceira”.
A pesquisadora Patrícia também ouviu 1.577 encarcerados, dos quais 40% são provisórios, a maioria é negra e da periferia, grande parte é jovem e tem baixa escolaridade. A maior preocupação deles é com o tipo de vida que terão após serem soltos.
A expositora Miriam Schenker trouxe dados técnicos da pesquisa, realizada em 2011 e 2012, que fala sobre a relação das crianças e adolescentes com o uso do crack: “demoniza-se o crack e não se contextualiza o uso da droga. Os usuários são pessoas que tem toda uma história de marginalização e exclusão social. Não sabemos se o problema é o crack ou os problemas estruturais das classes populares”.
Ao término do encontro, aconteceu o lançamento dos livros “Deserdados Sociais: Condição de Vida e Saúde dos Presos do Estado do Rio de Janeiro”, organizado por Maria Cecília de Souza Minayo e Patrícia Constantino, e “Crianças, Adolescentes e Crack: Desafios para o Cuidado”, organizado por Simone Gonçalvez de Assis. Ambos os livros são fruto de duas pesquisas da FIOCRUZ.