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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



De acordo com especialista argentina, Mediação Escolar empodera e regenera professores e alunos através da empatia e do autoconhecimento


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A mediação escolar teve início após a ocupação feita por estudantes em escolas do Rio de Janeiro em 2016. Eles protestavam contra a reestruturação do sistema educacional estadual. A princípio, a mediação foi realizada por uma equipe da Secretaria Estadual de Educação (SEEDUC), do Ministério público e do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ).“O grande ganho da ocupação foi entendermos que algum espaço estava esvaziado, pois o professor não é um especialista em diálogo, e sim em conteúdo, em conhecimento e exercício de cidadania”, destacou Anita Ferreira Marinho, representante da Secretaria Estadual de Educação (SEEDUC) , durante palestra que ocorreu na 54ª reunião do Fórum Permanente de Práticas Restaurativas e Mediação da EMERJ, nesta quinta-feira (01), com o tema “Mediação Escolar: os diferentes enquadres para incorporar a mediação nas escola”.

A abertura do encontro foi realizada pela coordenadora do Centro de Mediação da Capital (CEJUSC), Naura Americano: “Com esta palestra pretendemos reforçar a participação do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (NUPEMEC) na implementação do programa de mediação escolar no estado do Rio de Janeiro, que já ocorre há alguns anos no TJRJ, e nesta gestão já capacitamos 120 professores.

Sobre a capacitação, a coordenadora do CEJUSC, declarou: “ Os professores são habilitados através da Escola de Administração Judiciária do TJRJ – ESAJ, por meio de um curso com carga horária de 40 horas-aula. Após concluída a parte teórica, nós vamos às escolas com todos os professores para sensibilizá-los ao ambiente escolar; e a última etapa é a própria capacitação dos alunos, que aprenderão a mediar conflitos entre eles. E os professores estarão hábeis a mediar conflitos entre os pais ou entre adultos que de alguma forma circundam o ambiente escolar”.

Anita Ferreira Marinho ressaltou que diretores, professores e coordenadores pedagógicos capacitados em mediação conseguem enxergar o quanto o espaço de diálogo e a cultura de paz potencializam o sentimento de pertencimento do aluno no âmbito escolar, fazendo com que ele tenha um comportamento diferenciado, mesmo convivendo em áreas violentas do Rio de Janeiro.

“Um espaço onde o estudante possa discutir e expor faz com que ele se sinta inserido. Ele começa a sentir-se mais à vontade para falar, passando a ser um construtor dos acordos de convivência da escola; e com isso, o professor começa a colher os frutos dentro de sala de aula, por meio de uma cultura de paz, em que os conflitos são conduzidos de uma maneira melhor”, ponderou Anita.

Experiência argentina

Para falar sobre a mediação escolar na argentina, a EMERJ trouxe a diretora do curso “Competências para el Liderazgo”, da APEP-Buenos Aires e mestre em mediação de conflitos, Gabriela Jablkowski. “ Na Argentina, nós temos a mediação escolar desde 1997. O projeto começou como piloto no âmbito comunitário e, a partir dessa experiência embrionária foi se estendendo. Desde o ano de 2009, temos uma Lei de mediação escolar, a qual foi regulamentada em 2011. Desde de 1997, o programa segue crescendo nas escolas, discorreu Gabriela.

De acordo com a mediadora argentina, as escolas que implementam o programa de mediação escolar melhoram em muitas dimensões. Segundo Jablkowski, ocorreu uma melhora entre todos que permeiam o âmbito escolar, aumentando o sentido de pertencimento institucional. “Tanto alunos, quanto professores empoderam-se, para fazer um trabalho regenerativo vinculado ao reconhecimento do outro através da empatia e do autoconhecimento. A mediação impacta a escola de uma maneira holística, abrangendo todos da comunidade escolar”, disse.

Ela aconselhou o Brasil no campo da mediação escolar: “O que eu tenho a lhe dizer é que não sigam modelos que não são próprios; podemos aprender com exemplos de outros lugares, mas o mais importante é que o Brasil construa seu próprio modelo em função das necessidades de suas próprias escolas. E creio que nascerá um trabalho muito interessante pois no Brasil há uma formação pedagógica muito rica.


01 de Novembro de 2018.

Fonte: Assessoria de Comunicação Institucional da EMERJ.