EMERJ discute a situação dos Jovens Negros no Brasil
“A Morte Precoce de Jovens Negros no Brasil” foi o tema de mais uma reunião do Fórum Permanente da Criança, do Adolescente e da Justiça Terapêutica, que aconteceu no auditório Desembargador Paulo Roberto Leite Ventura, no dia 27 de junho. A desembargadora Ivone Ferreira Caetano recebeu os palestrantes: Caroline Bispo, advogada criminalista e coordenadora da Rede de Proteção Contra o Assassinato da Negra e do Negro no Rio de Janeiro; Monica Cunha, coordenadora e fundadora do movimento “Moleque”; Elisa Cruz, defensora pública e subcoordenadora do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDEDICA); Yvone Bezerra de Mello, fundadora e coordenadora do Projeto Uerê; Sandro Caldeira Marron da Rocha, delegado de polícia civil e o desembargador Paulo Sergio Rangel do Nascimento.
A desembargadora Ivone Ferreira Caetano iniciou o encontro fazendo uma reflexão sobre o jovem negro na nossa sociedade e expôs os dados do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado, sobre assassinato de jovens, divulgados no último dia 8 de junho: “O primeiro dado que me salta aos olhos é que a cada período de 23 minutos um jovem negro é assassinado, e a taxa de homicídios de negros entre 15 e 29 anos é quatro vezes maior que a de brancos nessa faixa etária. Que fique claro o extermínio praticado contra o jovem negro. Os dados no relatório esboçam a realidade histórica vivida pelo negro”.
A doutora Yvone Bezerra de Mello falou sobre seu Projeto Uerê, situado no Complexo da Maré, em Bonsucesso, que atende crianças, a maioria negras, traumatizadas pela violência: “77% das crianças em favela não aprendem corretamente, terminam o 9º ano sem saber ler e escrever corretamente”, declarou.
O desembargador Paulo Sérgio Rangel do Nascimento relatou os reflexos que ainda atingem os negros desde a época da escravatura no Brasil: “O processo de escravidão do negro, da exploração, da exclusão social, continua até hoje”. “Essa guerra vem desde aquela época, o que muda é que o nosso navio negreiro, hoje, é o presídio; nossa senzala é a favela”.