EMERJ debate os crimes cibernéticos e o perigo da internet para os jovens
A vulnerabilidade dos usuários das redes sociais, principalmente crianças e adolescentes, foi tema da palestra da delegada Daniela Terra, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, RDCI, e do investigador Guilherme Caselli de Araújo, que ocorreu no auditório Desembargador Roberto Leite Ventura, na EMERJ, nesta segunda-feira. O professor Walter Aranha Capanema, coordenador do Curso de Direito Eletrônico da EMERJ foi o debatedor do encontro, presidido pela secretária-geral Ana Cristina Sargentelli, que representou o diretor-geral da Escola, desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo.
Hoje a DRCI tem três mil inquéritos de crimes cibernéticos, entre eles, crimes contra a honra e extorsão. Durante a palestra, a delegada disse que há dois meses um caso chamou a atenção dos investigadores. Uma menina de treze anos chegou à delegacia com marcas de automutilação. Ela havia entrado em uma comunidade da rede social Facebook, que oferecia o jogo conhecido como Baleia Azul. Outras duas adolescentes também foram levadas pelos pais até a delegacia, vítimas do mesmo crime.
O jogo Baleia azul é uma série divulgada pelas redes sociais, que apresenta 50 desafios diários. Eles começam com simples desenhos, passando por mutilações até o objetivo final, o suicídio. A criança ou adolescente é convidado a participar do jogo por um “curador”. Segundo Daniela Terra, “O Baleia Azul é um grande problema social, não é apenas um jogo. E já existem outros jogos como este. Temos que orientar e educar os nossos jovens”.
“A maiorias das pessoas que levaram os filhos até a delegacia por acreditarem que se tratava de um caso do Baleia Azul, ficaram surpresas porque os filhos não tinham entrado no jogo. Eles estavam, na verdade, se mutilando, uma prática comum entre adolescentes deprimidos. Os pais devem ficar atentos”, alertou a delegada.
A maioria das vítimas e também dos criminosos é adolescente, mas o investigador da DRCI Guilherme Caselli de Araújo lembra que as investigações estão avançando. “É evidente que tem muita gente que se utiliza de subterfúgios para maquiar a conexão e dificultar o trabalho policial, mas quando o criminoso não deixa um rastro no início da atividade delituosa, certamente na saída deixará esse rastro. E é exatamente neste viés que a gente avança nas investigações. E até hoje, com toda a humildade, a gente tem conseguido sucesso”, garante o investigador.
A delegada Daniela Terra alerta que “a pessoa que se intitula curador do jogo pode responder por homicídio como agente garantidor. No caso do Baleia Azul, os curadores, sendo adolescentes ou não, vão responder por crimes ou atos infracionais análogos à instigação de suicídio. Por outro lado, os jovens têm que ouvir mais seus pais, têm que ter muito cuidado na superexposição que hoje eles vivem.”
Para o coordenador do curso de Direito Eletrônico da EMERJ, “a primeira responsabilidade é dos pais. “Eles devem ter uma boa relação familiar, conversar com os filhos. O primeiro passo é recuperar o que está sendo perdido, que é o contato familiar. É preciso saber o que os filhos estão fazendo com seus celulares e computadores. Muitos dos casos são de jovens em situação de lamento que acabaram sendo atraídos e até mesmo adotados pelo jogo. ”
13 de junho de 2017
Fonte: Assessoria de Comunicação Institucional da EMERJ