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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



Programa Livro Aberto traz psicanalista para roda de conversa


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O terceiro encontro da segunda temporada do programa Livro Aberto apresentou o conto “Verde Lagarto Amarelo” da escritora Lygia Fagundes Telles na noite da última quinta-feira, dia 16. O evento contou com tradução simultânea para Língua Brasileira de Sinais (Libras) e foi transmitido pelas plataformas Zoom e YouTube.


Essa é uma iniciativa da Comissão de Biblioteca e Cultura da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), promovida através da Biblioteca Desembargador José Carlos Barbosa Moreira TJERJ/EMERJ, que ocorre quinzenalmente, às quintas-feiras.


O programa Livro Aberto:


O Livro Aberto traz magistrados do TJRJ para lerem contos de escritores brasileiros e estrangeiros e, após a leitura, os operadores do Direito fazem uma reflexão crítica sobre o texto literário e interagem com os espectadores.


A convidada especial para participar da roda de conversa foi a psicanalista Christina Nicoll Simões Cavallari, da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ), e os leitores dessa edição foram os juízes: Paula Cossa, Renato Charnaux Sertã e Ricardo Andrade. O programa é dirigido pela assessora de fomento à cultura da Comissão de Biblioteca e Cultura da EMERJ, Silvia Monte.


Nesse programa, é possível que os espectadores interajam com os magistrados leitores e participem do debate ao vivo, seja via chat ou via vídeo.


O conto “Verde Lagarto Amarelo”:


O conto narra um relacionamento entre dois irmãos, o mais velho, Rodolfo, e o caçula, Eduardo. Eles estão tomando café e conversam um pouco sobre a vida.


O irmão mais novo sempre foi o preferido da mãe, e o mais velho vivia a serviço do caçula por intervenção da mãe. Rodolfo era calado, quieto, vivia sozinho e gostava de se expressar por meio da escrita, a única coisa que sentia ter como sua. Já Eduardo, o mais novo, era casado e animado.


A narração é guiada pelo ponto de vista de Rodolfo, pelas recordações dos dois na infância. Nessas lembranças ele expressa suas emoções e pensamentos. No conto é possível perceber os conflitos entre irmãos, seja pelo tratamento dos pais para com os filhos, seja pelas diferenças físicas ou pela diferença de afeto que um tem pelo outro.


A roda de conversa:


A presidente da Comissão de Biblioteca e Cultura da EMERJ, desembargadora Ana Maria Pereira de Oliveira, abriu a discussão sobre o conto convocando os espectadores a participarem do encontro: “A Lygia dizia que o leitor era um cumplice, no melhor sentido da palavra, e que ao escrever, ela estendia uma ponte e dizia ao leitor: “Venha conosco”! É isso que nós procuramos fazer nos nossos encontros, por isso eu gostaria de convidar todos os nossos espectadores a vir conosco nessa aventura, a vir conosco trocar uma ideia”.


A psicanalista Christina Cavallari revelou o seu posicionamento sobre a leitura da obra de Lygia Telles e pontuou os sentimentos de Rodolfo, sobre o quanto o interior dele comprometia a visão sobre a vida real.


“Nós temos dentro da gente a pulsão de morte, que é tudo que é destrutivo, e pulsão de vida, que é união, é construir e é afeto. Por isso, como nós vemos o mundo tem a ver com o que nós trazemos dentro de nós, com isso construímos um mundo interno. Cada um encontra o que pode ver, e esse conto mostra isso desde o princípio. O Rodolfo não consegue aproveitar o amor que ele recebe, eu não sei se a mãe dele não deu amor, mas tudo para ele é amargo e até o que é bom acaba se tornando ruim para ele”, disse.


Após a fala de Cavallari, a juíza Paula Cossa ressaltou que existem diversas formas de transmitir amor e que para o filho mais velho o que a mãe demonstrava nunca foi referência de afeto: “A primeira impressão que eu tive foi de que a mãe fazia uma distinção, mas depois eu ponderei que talvez ele não conseguisse entender o amor da mãe, porque existem muitas formas de se demostrar o amor, essas formas de demostrar o amor se modificam de acordo com o destinatário desse amor. Então, ela tinha um amor que se expressava através da preocupação e para ele tinha um sentido pejorativo ou depreciativo”.


“Eu era um dos que mais me revoltava com essa mãe, até que eu me dei conta de que é um conto escrito pela ótica dele, Rodolfo. Portanto, o que está narrado não sabemos se é verdade ou se só apareceu no psicológico dele”, destacou o juiz Renato Sertã ao complementar a juíza Cossa.


Silvia Monte comentou sobre o título da obra e a cena que Rodolfo começa a suar verde: “Ele era muito verde para receber muita responsabilidade, receber a responsabilidade de ser irmão mais velho”.


“O viver para Rodolfo era pesado, ele nunca amadureceu”, afirmou a psicanalista Christina Nicoll Simões Cavallari.


Ao final do programa a espectadora Roberta Andrade entrou ao vivo e parabenizou a iniciativa do programa, assim como a leitura dramatizada do “Por Elas”.


O programa fica disponível, após a transmissão, no canal do YouTube Emerj eventos. Para assistir a esse episódio, clique no link: https://youtu.be/JEoJCBI-ltg


Para assistir a última edição da leitura dramatizada do “Por Elas”, acesse o link: https://youtu.be/MPceqPvqXVQ


Foto: Rosane Naylor.


17 de setembro de 2021


Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)