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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



Palestrantes falam sobre a cultura do negacionismo durante evento na EMERJ


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“O dicionário reúne cerca de 130 pesquisadores em múltiplos verbetes que descrevem o processo de demonização das diferenças na história da cultura brasileira”, ressaltou a diretora-geral da EMERJ desembargadora Cristina Tereza Gaulia, doutora em Direto pela Universidade Veiga de Almeida (UVA), na abertura do lançamento do livro Dicionário dos Antis: a cultura brasileira em negativo.


Promovido pelo Fórum Permanente Hermenêutica e Decisão, o encontro ocorreu na última quarta-feira, dia 1º, via plataformas Zoom e YouTube. O presidente do Fórum Permanente Hermenêutica e Decisão da EMERJ, Lênio Luiz Streck, doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), participou da abertura do encontro.


Palestras


Carmela Grüne, advogada trabalhista e fundadora da Academia Brasileira de Direito, destacou a importância de construirmos um registro histórico do que acontece dentro do Brasil a partir da cultura negacionista. Na obra, a advogada escreve um verbete sobre “Anti-Direitos Humanos”, que segundo a escritora está relacionado a negação de direitos e a invisibilidade. “Esse verbete traz o primeiro movimento de direitos humanos do Brasil, fundado no Rio Grande do Sul, durante a Ditadura Militar, pelo presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke”.


Ela afirma, ainda, que em seu verbete quis trazer a história da entidade Movimento de Justiça e Direitos Humanos, a importância e a representatividade desse trabalho para a sociedade, que de acordo com a advogada ainda não evoluiu o suficiente: “Passados 41 anos da luta da multirracialidade e diversidade de gênero, na ocupação dos espaços de poder, ainda encontramos uma sub-representação negra”.


Uma obra que traz a cultura do contra


“É um livro que se compõe no esforço de compreensão do outro, estabelecendo um curioso diálogo maiêutico, que, por si só, é admirável, em um tempo em que muitos falam e poucos ouvem”, embasou a pós-doutora em Direitos Humanos pela Universidad de Salamanca, Ana Luíza Ferro, que colaborou com a obra abordando o pensamento que, segundo ela, coloca a corrupção como um mal necessário.


Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), o professor Jean Pierre Chauvin discorreu sobre um dos seus verbetes no livro, o Anticolonialismo: “A ideia é reconhecer um estatuto colonial no Brasil no século XXI, que tem ligação com o período que passa pela dominação portuguesa, holandesa e em seguida a Inglesa por intermédio de Portugal. E, no final do século XIX, os Estados Unidos, cuja influência mais forte vem até hoje, algo que lamento, pois essa influência desbarata a nossa cultura brasileira”.


Liberdade de expressão e diversidade


“Esse sentimento de vermos a opinião do outro como ameaça, principalmente como um conhecimento estereotipado, precisa ser mudado para uma perspectiva que considere o outro como uma riqueza e não como uma ameaça, entendendo como uma realidade diversa, plural. Esse é o objetivo dessa obra”, destacou José Eduardo Franco, professor catedrático da Universidade Aberta de Portugal e Pós-Doutor em história pela Universidade de Aveiro, em Portugal, e também um dos autores do Dicionário dos Antis.


Luiz Eduardo de Oliveira, coordenador da Cátedra Marques de Pombal, Doutor em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), discorreu sobre o Antipombalismo, termo que se refere ao período governado pelo rei de Portugal D. José I, que tinha como ministro de Estado português o Marquês de Pombal, que implementou inúmeras melhorias no Império. Segundo Luiz Eduardo, Marques de Pombal ficou conhecido como o ministro que manda mais que o rei.


“Essa demonização, esse antipombalismo atual, é mais fruto de uma ignorância histórica do que um ataque sistemático, como ocorrido em tempos anteriores”, ressaltou o professor Luiz Eduardo.


A presidente Nacional da Comissão de Direito Homoafetivo e Gênero do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família), Maria Berenice Dias, mestre em Processo Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), participou da obra discorrendo sobre o Antiafeto.


A presidente Nacional da Comissão de Direito Homoafetivo e Gênero do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família), Maria Berenice Dias, mestre em Processo Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), participou da obra discorrendo sobre o Antiafeto.


Para assistir à transmissão completa do evento, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=qsoxLixFr0w&t=4590s



6 de dezembro de 2021


Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)