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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



“O antirracista já é racista”, afirma Vilma Piedade, autora do conceito “dororidade”, em entrevista para o “Sextas na EMERJ”


“O antirracista já é racista”, afirma Vilma Piedade, autora do conceito “dororidade”, em entrevista para o “Sextas na EMERJ”
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“Sororidade é o conceito que fundamenta o feminismo, mas o lugar de fala é um lugar de pertencimento. Eu falo desse lugar como mulher preta, feminista, mas também falo do lugar das minhas ancestrais, marcada pela ausência histórica”, disse a escritora Vilma Piedade, ao explicar a inquietação que sentiu para criar o conceito do seu livro “Dororidade”, na série de entrevistas “Sextas na EMERJ - Biblioteca”.


O encontro ocorreu de modo virtual, por meio do Instagram da EMERJ, @emerjoficial, às 17h, na última sexta-feira (12). O evento teve tradução para Língua Brasileira de Sinais (Libras).


A apresentadora do programa foi à juíza Andréa Pachá, presidente do Fórum Permanente de Direito, Arte e Cultura, mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), bacharel em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com experiência na área de Direito, com ênfase em Direito de Família e Sucessões. Foi Conselheira do CNJ de 2007/2009, responsável pela criação do Cadastro Nacional de Adoção e pela implantação das Varas de Violência contra a Mulher como Política Judiciária Nacional. Autora de livros como “A Vida não é Justa”, “Velhos são os outros” e “Segredo de Justiça”.


A convidada dessa tarde, Vilma Piedade, é ativista social, pós-graduada em Ciência da Literatura pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), graduada em Letras também pela UFRJ. Vilma é feminista e luta contra o antirracismo, ou seja, contra qualquer movimento ideológico ou atitude de oposição ao racismo.


De acordo com matéria do portal G1 (Globo), 83% dos presos injustamente por reconhecimento fotográfico no Brasil são negros. O levantamento foi feito pelo Condege, entidade que reúne defensores públicos de todo país. (https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2021/02/21/exclusivo-83percent-dos-presos-injustamente-por-reconhecimento-fotografico-no-brasil-sao-negros.ghtml)


Ao falar sobre Negacionismo (a escolha de negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável), a juíza Pachá comentou os dados e relatou um pouco sobre sua experiência: “Quando eu comecei a conversar com você, eu dizia que não era racista e você me mostrou o quanto o racismo vivia dentro de mim. No Brasil, nós fingimos que não somos racistas e que não existe preconceito. Hoje me incomoda falar em um auditório e não ter um negro”.


“O antirracista já é racista”, afirmou Vilma Piedade, que está escrevendo um livro com a juíza Andréa Pachá. Ela ainda falou sobre as dores comuns e as que não são comuns a todas as mulheres: “Sororidade une e irmana, mas não basta. A dororidade quer falar das sombras do que é vivido dentro e fora de nós (mulheres pretas), mas tem uma coisa que une todas as mulheres, a dor da violência provocada pelo machismo”.


Este foi o segundo encontro da série “Sextas na EMERJ - Biblioteca”, que faz parte de um projeto de revitalização da Biblioteca da EMERJ. O evento ocorre quinzenalmente, às sextas-feiras, sempre às 17h.


O próximo encontro do “Sextas na EMERJ - Biblioteca” será no dia 26 de março, com a palavra-chave “Feminismo”. A juíza Andréa Pachá conversará com a socióloga Jacqueline Pitanguy, fundadora e coordenadora executiva da ONG Cidadania, Estudos, Informação e Ação (Cepia). No CEPIA, coordena a investigação sobre questões de gênero e programas educacionais relativos à violência contra as mulheres e à saúde reprodutiva.



15 de Março de 2021


Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)