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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



“Esse conto é, inclusive, um convite para que tenhamos coragem de enfrentar a nossa sombra e saber que somos falhos e vulneráveis”, afirmou juíza em leitura de “O Espelho”


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“Livro aberto”, programa de iniciativa da Comissão de Biblioteca e Cultura da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) e idealizado pela Biblioteca TJERJ/EMERJ Desembargador José Carlos Barbosa Moreira, teve sua segunda leitura de contos realizada na última quinta-feira, dia 24. O evento foi transmitido via Zoom e Youtube com transmissão simultânea para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).


Dirigido pela Silvia Monte, o programa dá aos magistrados do Poder Judiciário e ao público em geral a chance de se aprofundarem nas obras de Machado de Assis, autor dos contos desta primeira temporada do evento, considerado pelos críticos um dos maiores contistas do Brasil.


“O Espelho” conta a história de Jacobina, um homem de 45 anos e de origem humilde, que se torna Alferes e, do dia para a noite, a patente muda a sua vida, todos passam a admirá-lo ou a invejá-lo. Ele vai passar uma temporada na fazenda de uma tia que o coloca no quarto de hóspede com um grande e nobre espelho. A tia precisa viajar e deixa a casa por conta de Jacobina. A solidão o invade e ele deixa de ver sua imagem nítida no espelho. Um dia, ele se paramenta de Alferes, encara o espelho e tem uma surpresa.


Participaram da leitura e da roda de conversa os desembargadores Ana Maria Oliveira e Heleno Nunes, e os juízes Ricardo Andrade, Elizabeth Louro e Paula Cossa.


Assim como no primeiro evento, os inscritos pelo Zoom puderam participar com os magistrados da roda de conversa a respeito da obra. No debate, os magistrados leitores falaram do que mais os chamou atenção.


“Esse conto faz com quem a gente se identifique com muitas pessoas; as que somos e as tarefas que executamos. Se não fosse pelo Alferes, do conto, poderíamos colocar outros tipos de fardas, outras capas que as pessoas usam. É um exercício muito bom pararmos para pensar se cada um de nós está impregnado dessa alma exterior”, refletiu a desembargadora Ana Maria, que é presidente da Comissão de Biblioteca e Cultura.


“Dentro desse espelho, vejo como aquela alma exterior, a personalidade que se apresenta às pessoas, toma conta da pessoa e isso pode ser um sintoma de que o indivíduo não suporta enxergar seu lado sombrio, que todos temos. Esse conto é, inclusive, um convite para que tenhamos coragem de enfrentar a nossa sombra e saber que somos falhos e vulneráveis, temos fraquezas e limitações. Isso faz de nós humanos”, afirmou a juíza Elizabeth Louro.


“O que mais me tocou no conto é o quanto essa alma exterior, a necessidade de outra aparência, encobre a essência do homem que muitas vezes é mais bonita, disse o desembargador Heleno Nunes.


“Machado de Assis apresenta em ‘O Espelho’ a pessoa que se perde no próprio ego. É uma problemática que atravessa gerações, não à toa Renato Russo nos disse ‘Nos deram espelhos e vimos um mundo doente'. A pessoa perde sua essência”, disse a juíza Paula Cossa, citando a música “Índios”, da Legião Urbana.


“Todos os contos da coletânea ‘Papéis Avulsos’ têm essa relação do ser, com o parecer ser”, pontuou o juiz Ricardo Andrade.

Para assistir à transmissão completa, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=1tztIfgTL3I&t=3653s&ab_channel=Emerjeventos


Todos os contos estão disponíveis para leitura em PDF no site da EMERJ e podem ser acessados pelo link:

https://www.emerj.tjrj.jus.br/paginas/biblioteca_videoteca/livro-aberto.html



25 de junho de 2021


Departamento de Comunicação Institucional (DECOM)