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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



Retrato da juíza Adriana Ramos de Mello é inaugurado na Galeria dos Conferencistas Eméritos da EMERJ


Retrato da juíza Adriana Ramos de Mello é inaugurado na Galeria dos Conferencistas Eméritos da EMERJ
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"Um exemplo para todos nós. Uma pessoa que tem atuado, ao longo dos anos, na defesa dos direitos humanos, das mulheres, da identidade de gênero, dos vulneráveis. Uma pessoa que tem se dedicado à causa pública. Por isso, a EMERJ tem a honra imensa de homenagear Adriana Ramos de Mello, por quem tenho uma profunda admiração."


Com essa declaração, o desembargador André Andrade, diretor-geral da EMERJ, abriu o webinar em homenagem à juíza e professora da Escola. A inauguração de seu retrato na Galeria dos Conferencistas Eméritos, em reconhecimento à excelência de sua atuação acadêmica e agradecimento pelo conhecimento jurídico partilhado, contou com a participação virtual de magistrados e professores que acompanham a trajetória de Adriana Ramos de Mello.


Para falar sobre a importância da homenageada, o ministro Carlos Ayres de Britto citou o tratamento dispensado às mulheres na Constituição Federal: "No preâmbulo já se fala da igualdade como um dos seis valores que a própria Constituição rotula de supremos, para que haja uma sociedade pluralista, fraterna e sem preconceitos. Como é bom ver uma pessoa como a juíza Adriana, que luta pela igualdade de gênero e pelo humanismo. Tão jovem e tão madura no plano científico e acadêmico. Uma pessoa que nos honra com seu conhecimento".


Para Gustavo Binenbojm, procurador do Estado do Rio de Janeiro, a homenagem é o reconhecimento do trabalho da juíza, principalmente pela igualdade de gênero: "O bem que a igualdade de gênero produz nas mulheres, não é menor do que aquele que produz em nós, os homens. A igualdade de gênero é um bem da humanidade, é uma conquista civilizatória."


Jacqueline Machado, presidente do Fórum Nacional de Juízas e Juízes de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher (FONAVID), atribuiu à homenageada a criação do Fórum: "O Fórum nasceu a partir da Adriana, Adriana é o FONAVID, foi a primeira presidente. O Fórum tem muito dessa magistrada aguerrida, comprometida, inteligente, estudiosa e que serve de inspiração a todos e a todas nós que viemos depois".


"Adriana é uma pessoa que luta pela visibilidade das mulheres, é uma pessoa que me fez ter esperança no Direito. Ela me ensinou que seria possível não esquecer da justiça, não esquecer da fraternidade, e construir um sistema jurídico com amor", disse emocionada a professora titular da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ Ana Lucia Sabadell.


A desembargadora Suely Lopes Magalhães, coordenadora da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (COEM), ressaltou que trabalha com a juíza Adriana há cinco anos: "É muito importante essa homenagem hoje, porque não está sendo feita somente à figura da minha colega e amiga, mas à causa como um todo, e a Coordenadoria está honrada em participar desse momento, porque a Adriana é a Coem, a Coem somos todos nós".


O juiz Luiz Marcio Victor Alves Pereira lembrou que celebrou o casamento da juíza Adriana, há 14 anos, e que sempre acompanhou a carreira da juíza: "Espero, como amigo, de alguma forma poder ajudar para que a Adriana continue a quebrar paradigmas e a colaborar para que as famílias sejam mais felizes".


O desembargador Caetano Ernesto da Fonseca Costa, presidente do Fórum Permanente de Direitos Humanos da EMERJ e marido da homenageada, destacou: "Adriana tem uma carreira belíssima, eu tenho a felicidade de testemunhar isso. É uma ativista que está sempre lutando pela causa da igualdade entre homens e mulheres. Ela não só me inspira, mas me obriga todo dia a fazer uma autorreflexão, a saber como posso melhorar enquanto ser humano. Adriana me obriga a sair da rotina para minha alegria e felicidade".


Ao final do evento, Adriana Mello agradeceu a cada um dos participantes do encontro virtual e a todos os funcionários e colaboradores da EMERJ que produziram a homenagem, especialmente às mulheres que trabalham na Escola.


A juíza encerrou com um poema feito por ela, escrito para marcar os 14 anos da Lei Maria da Penha:


"Ser mulher
Que toda mulher tenha acesso integral à Justiça
Que toda mulher tenha acesso integral à Saúde
Que toda mulher tenha uma vida livre de violência
Que toda mulher tenha acesso ao conhecimento e saiba dos seus direitos sexuais e reprodutivos
Que toda mulher possa estudar
Que toda mulher possa falar e, sobretudo, ser ouvida
Que toda mulher deficiente tenha acesso à Justiça e aos serviços públicos
Que toda mãe de uma filha ou filho desaparecido tenha o direito de encontrar o seu filho
Que toda mulher tenha uma vida livre de qualquer preconceito, discriminação de gênero seja por sua identidade ou orientação sexual
Que toda mulher indígena possa viver em suas terras e livre de violência
Que toda mulher tenha uma vida livre de discriminação de raça ou etnia
Que toda mulher seja livre, porque a liberdade é o maior bem que uma mulher pode ter
Que toda mulher tenha como viver uma vida livre de qualquer violência
Viva a Lei Maria da Penha e a nossa Constituição Federal"



A homenageada


Adriana Ramos de Mello é referência na luta pelas minorias, na proteção às mulheres em situação de risco, na defesa da igualdade de gênero e dos direitos humanos. Defensora pública aos 23 anos e juíza de direito aos 25, ela é educadora, pesquisadora e escritora. Seus livros são referência para o estudo de temas como violência doméstica e feminicídio.


É mestre em Direito pela Universidade Candido Mendes, mestre em Criminologia e doutora em Direito Público e Filosofia Jurídico-política pela Universidade de Barcelona.


Em 2014, foi a vencedora da décima primeira edição do Prêmio Innovare, com o Projeto Violeta, idealizado por ela, uma iniciativa que acelera o acesso à justiça das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.


Juíza titular do I Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Capital, Adriana Ramos de Mello é professora da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro.


Na escola, ainda é presidente do Fórum Permanente de Violência Doméstica, Familiar e de Gênero, e do Núcleo de Pesquisa em Gênero, Raça e Etnia , o NUPEGRE.


Como educadora, defende a inclusão do estudo de gênero, direitos humanos e combate à discriminação nos currículos escolares.


Assista na íntegra o webinar que tratou do tema “Educação e Direitos Humanos das Mulheres: https://www.youtube.com/watch?v=tPpjauLwzqY



02 de setembro de 2020