Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro
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Corpo, alma, bom, correto, transgressão, infidelidade e fé foram alguns dos temas abordados no "Bate-Papo como Diretor" desta quinta-feira, 18 de junho. O rabino Nilton Bonder, líder espiritual da Congregação Judaica do Brasil, foi o convidado do desembargador André Andrade, diretor-geral da EMERJ.
O desembargador André Andrade começou o encontro virtual falando da importância do tema, principalmente em tempos de pandemia. Ele citou alguns livros de Nilton Bonder e pediu ao rabino para falar sobre o best seller "A Alma Imoral".
"O livro começa com o texto bíblico que é muito instigante, que é um conto sobre transgressão, a história de Adão e Eva, o fruto proibido e a expulsão do Paraíso. Adão e Eva não são dois tolos que estão sendo iludidos pela primeira cobra que passa. Eles são dois seres humanos imbuídos da imagem e semelhança do Criador. E talvez eles empreendam essa aventura fora dos limites da zona de conforto, que é o Paraíso, instaurando um caminho de autonomia do ser humano", destacou o rabino.
Sobre corpo e alma, Nilton Bonder pontuou: "Será que a alma é boazinha e o corpo é bagunceiro ou seria o contrário? Normalmente, nas tradições religiosas, nós usamos a dicotomia de o ser humano ter um lado animal, físico, e um lado imaterial, a alma. Geralmente, a alma é pura, vai pro céu, e o corpo seduz, é mundano. Mas eu inverto, eu digo que o corpo quer é a zona de conforto, o mínimo esforço; é a alma que fica empurrando esse corpo para ir em frente. E é essa inversão que dá nome ao livro".
Ele ainda destacou: "Os fundamentalistas dizem assim: ' até aqui, vai, adiante não pode'. Todos nós temos fundamentos, mas em algum instante, mesmo eles podem estar atrapalhando um processo de crescimento".
"Quando falamos sobre o conceito do correto e o do bom, temos que buscar o correto, o bom ou uma coisa não exclui a outra?", questionou o desembargador André Andrade, ao citar um trecho do livro " A Alma Imoral".
"Quando o correto é bom, está tudo resolvido, não há qualquer questão com a consciência. Mas, às vezes, o bom não é o correto e, às vezes o correto não é bom. O ser humano não é só alma, ele é corpo e tem que atender às demandas das duas vontades, desses dois olhares para a vida, que são igualmente importantes. Então, há momentos em que o correto não é bom, mas a pessoa permanece no correto, por uma análise profunda da sua consciência", observou o rabino.
Bonder ainda falou sobre as mudanças que esses tempos de pandemia podem trazer na vida de cada um: "Temos uma oportunidade agora, com toda essa crise, porque toda vez que a rotina é freada, para, há uma oportunidade por autenticidade".
O escritor
Nilton Bonder é autor de diversos livros reconhecidos nacional e internacionalmente. São mais de 20 títulos publicados e um Prêmio Jabuti de Literatura, em 2000.
O título mais recente é "Cabala e a arte da preservação da alegria", em que Bonder ensina a preservar a alegria com a qual já nascemos, independentemente de sermos bem-sucedidos ou fracassarmos em algum empreendimento. O autor se vale de pequenos contos, comentando cada um deles à luz dos ensinamentos da Cabala. É o terceiro volume da série “Reflexos e Refrações”, que conta com outros dois livros já publicados: "Cabala e a arte de manutenção da carroça: Lidando com a lama, o buraco, o revés e a escassez" e "Cabala e a arte do tratamento da cura: Tratando a dor, o sofrimento, a solidão e o desespero". Ao todo, serão sete volumes que unem a Cabala – ensinamentos presentes no judaísmo – com questões do dia a dia e da sociedade.
Um dos seus maiores sucessos editorias, “A alma imoral”, foi adaptado para o teatro e se tornou uma peça de grande sucesso, em cartaz por 13 anos, só interrompida pela pandemia da COVID-19. O best-seller de Nilton Bonder virou documentário dirigido pelo cineasta Silvio Tendler, exibido nos cinemas nacionais e disponível no YouTube.
Assista a live na íntegra em: https://www.youtube.com/watch?v=6tC6CnPslfY
17 de junho de 2020
