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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



“Não podemos pensar em avanços no Brasil quando mulheres e homens negros ficam para trás”, diz advogada em evento da EMERJ


Não podemos pensar em avanços no Brasil quando mulheres e homens negros ficam para trás, diz advogada em evento da EMERJ
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“Primeiramente, gostaria de agradecer pela realização do evento. Hoje, vamos debater a situação do negro no momento atual, com tantos problemas. Um evento como este nos dá lugar de fala, e não é algo que nos pertence por sermos do segmento negro, mas é um lugar de fala que até hoje tem sido negado. Estamos passando por situações graves, mas estamos nos fortalecendo. Sempre que tentam nos derrubar, nos fortalecemos mais. Este segmento já está muito mais conhecedor de sua história”, disse a desembargadora Ivone Ferreira Caetano na abertura do webinar “Biodireito: Covid-19 e o segmento negro no Brasil”, realizado nesta sexta-feira, dia 28, via plataforma Zoom.


Promovido pelo Fórum Permanente de Biodireito, Bioética e Gerontologia da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), o evento também contou com a presença da presidente do Fórum, juíza Maria Aglaé Tedesco Vilardo; da juíza Mylene Pereira Ramos Seidl; da assistente social Soyanni Silva Alves; do professor Jadir Brito; e das advogadas Beatriz Silveira e Santos e Mariana Lopes da Silva Bonfim, que comentou:


“Há comunidades que não têm água. Como podemos falar de álcool em gel e sabonete quando as pessoas sequer têm água? Em algumas comunidades, as ONGs estão instalando mangueiras para que as pessoas possam lavar as mãos. Existe uma distância entre os privilegiados e os não privilegiados, e a pandemia só aumentou isso. Gosto muito da Malala, e gostaria de deixar uma frase dela registrada, em que ela diz que “não existe avanço quando alguém fica para trás”. Não podemos pensar em avanços no Brasil quando mulheres e homens negros ficam para trás. Quando só algumas pessoas têm acesso às políticas públicas, não é democracia”.


O professor Jadir Brito apresentou dados referentes à taxa de mortalidade por Covid-19 da população negra usando São Paulo como exemplo.


“De acordo com o Instituto Polis, a Covid-19 é mais letal entre negros no estado de São Paulo. A taxa de mortalidade padronizada da doença, para a população negra, é de 172 mortes para cada 100 mil habitantes na cidade, o que caracteriza um número 60% maior do que a taxa de mortalidade da população branca, que ficou em 115 mortes para cada 100 habitantes”, disse.


A transmissão do evento pode ser acessada pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=AtyDTNLXnIM



28 de agosto de 2020