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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



Jornalista Bianca Ramoneda participa do “Bate-papo com o Diretor”


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“É um espaço que precisa ser plural e que tem que acolher todas as pessoas. Precisamos conhecer gente; precisamos conhecer diferentes pessoas. Não podemos falar só de Direito”, comentou o diretor-geral da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), desembargador André Gustavo Corrêa de Andrade, na abertura do “Bate-papo com o Diretor”, live realizada na última quinta-feira, dia 07, no Instagram oficial da EMERJ, @emerjoficial.


A convidada da vez foi a atriz, jornalista, escritora e poeta Bianca Ramoneda, que conversou com o magistrado a respeito dos “deslimites da palavra”. Abordando sobre julgamentos, ela comentou que ‘julgar’ o outro também faz parte da arte e afirmou que isso é a ponte entre as duas profissões.


“Precisamos estar no lugar do outro e fazer um exercício de dentro e fora. Acho que isso é uma ponte que existe entre nossas profissões. Quando você falou a palavra ‘julgar’, aí do outro lado, bateu em mim com força, pois como podemos escrever um texto sobre um personagem, se a princípio eu já o julgo? Como posso dar voz a alguém se fazemos um pré-julgamento dela? O uso dessa palavra, na arte, tem um peso grande”, disse.


A pandemia do novo coronavírus atingiu o mercado de trabalho e freou a produção de diversos serviços. Entretanto, a jornalista salientou: “Nos últimos anos, tivemos um ‘boom’ de arte contemporânea no mercado mundial, assim como de documentários. O cinema brasileiro cresceu. Em termos de mercado, sofremos muito durante a pandemia, assim como todos, mas, em termos de criação, não tem ninguém parado”. E completou, sobre a pandemia: “Estamos sendo assolados por um medo muito profundo, acho que todos nós estamos com dificuldade de concentração, e todos estão reféns dos discursos que chegam construídos por narrativas, sejam de ódio ou das fake news. Tudo é discurso”, disse, lembrando da obra lançada pelo desembargador André Andrade, denominada “Liberdade de Expressão em Tempos de Cólera”.


Muito citado durante toda a conversa, Manoel de Barros foi um poeta brasileiro do século XX. As poesias do autor inspiraram Bianca Ramoneda e o ator Gabriel Braga Nunes a encenarem a peça “Inutilezas”. Há um documentário a respeito do poeta, prontamente recomendado por ela.


“É uma desbiografia oficial do Manoel de Barros, então por ‘desbiografia’ é possível perceber o quanto é bom. Tem uma série de depoimentos no documentário, até mesmo do próprio Manoel. Ele está disponível no YouTube, então recomendo que a pessoa deite, coloque um fone e assista”, disse. O desembargador André Andrade completou: “É aquele documentário ao qual você assiste e deseja voltar para rever diversos trechos”.
Para acessar basta clicar no link: https://www.youtube.com/watch?v=VG4P_mWWAI0&t=2s


Já no encerramento, o diretor-geral da EMERJ teceu elogios à convidada.


“É uma pessoa que conheço há muito tempo, e sou um grande fã. Agora, posso dizer que sou amigo, o que é um privilégio. É uma pessoa inteligente e talentosa. Faltam adjetivos. Não tenho os deslimites da palavra como Manoel de Barros, mas posso dizer que você é uma pessoa maravilhosa”, comentou.


O magistrado também leu um poema do livro de Bianca Ramoneda, chamado “Só”, de 1997, que concorreu ao Prêmio Nestlé de Literatura, na categoria ‘Estreante’.


A vida passou
Você viu?
Vi
E você?
Eu vi(vi)


A transmissão do bate-papo está disponível na conta oficial da EMERJ no Instagram e também no YouTube. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=guPQ7o75ViY


Outros livros citados:
“O livro das Ignorãças” - Manoel de Barros;
“O livro das Semelhanças” - Ana Martins Marques;
“Ofício de Paciência” - Eugénio de Andrade;
Outras poesias recitadas:
“Sobre rodas” - Bianca Ramoneda
“Último poema” - Ana Martins Marques
“A sílaba” - Eugénio de Andrade




07 de agosto de 2020