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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



Fundamentalismo religioso é tema de debate em webinar


Fundamentalismo religioso é tema de debate em webinar
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O Fórum Permanente de História do Direito da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) realizou, na noite da última terça-feira, 26, o webinar “O direito e o fundamentalismo religioso”. O evento foi realizado na plataforma Zoom e transmitido no YouTube.


Participaram do encontro o diretor-geral da EMERJ, desembargador André Gustavo Corrêa de Andrade; o presidente do Fórum, juiz Carlos Gustavo Direito; a historiadora e pesquisadora Tayná Louise de Maria; e o teólogo Sérgio Ricardo Gonçalves Dusilek.


“É um tema de fundamental importância. Estamos falando sobre princípios fundamentais de liberdade religiosa, conectada com a liberdade de expressão. Particularmente, o tema me toca, pois são princípios conectados e que são pilares da democracia”, comentou o diretor-geral da EMERJ, desembargador André Gustavo. O presidente do Fórum, Carlos Gustavo, completou a fala do magistrado: “Precisamos dar ênfase à questão do fundamentalismo religioso cristão, que é o que estamos vivenciando. Ficamos por muito tempo falando sobre o fundamentalismo religioso islâmico e esquecemos do lado cristão, que já existe em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse fundamentalismo já resultou em atentados terroristas”.


A pesquisadora Tayná Louise comentou algumas características do fundamentalismo religioso e falou sobre o “Julgamento do macaco”: “Para citar algumas características do fundamentalismo religioso, ele é um movimento que reage às ideias modernas; é um movimento heterogêneo. Apesar de ser um movimento fundamentalista cristão, ele reúne várias religiões cristãs, de várias denominações; é um movimento ideológico conservador, que sai do ambiente privado e se insere no espaço público; é avesso à democracia. Uma vez no poder político, esse movimento cria propostas que resultam no silenciamento de outros grupos; ele necessita de meios políticos para propagar as ideias; e outra característica é que, assim como um camaleão, ele sempre está se adaptando a novas ideias”, e completou, sobre o The Monkey Trial: “ele acontece em 1925, sendo palco para o movimento fundamentalista cristão, e é resultado de outros eventos que aconteceram durante o século XIX e o início do século XX. Após o julgamento, o movimento fundamentalista se renovou”.


O teólogo Sérgio Dusilek apontou os problemas do fundamentalismo. Em sua fala, chamou a atenção para o crescimento da intolerância, o movimento antidemocrático e explicou o motivo de a ciência ser vista com negatividade: “O fundamentalismo trata da posse da verdade, e não só como um assentimento pessoal, algo que a pessoa entende ser a correta relação da percepção dos fatos ou conceitos, mas da verdade como poder. Nisso, acontece um grande problema: é onde há uma verdade da heresia, e vice-versa. O fundamentalismo acirra a intolerância, alimentando-a. Ele coloca também a democracia em risco, sendo uma ameaça às instituições. Ele não visa a manutenção das instituições presentes em um estado democrático de direito. O fundamentalismo visa a implantação de uma teocracia. A ciência é vista como uma ameaça, pois ela aponta a existência de outras verdades, e o fundamentalista está impregnado e arraigado do que ele detém, têm a posse da única verdade. Como poderia outra ciência levar outro conceito defendido pelos fundamentalistas? Por decorrência disso, há um flerte com o que é chamado de obscurantismo, pois só serve a ciência que concorda com o mesmo pensamento”.


A transmissão do evento pode ser acessada, na íntegra, pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=f8-GaZAHQqI



27 de maio de 2020