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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



“A falta de um pai, a ausência amorosa, tem deixado um grande vazio emocional”, diz juíza em evento da EMERJ


“A falta de um pai, a ausência amorosa, tem deixado um grande vazio emocional”, diz juíza em evento da EMERJ
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“É um desafio, pois envolve, no Brasil, uma questão cultural muito forte. Sabemos da questão popular de dizer que o pai ajuda muito quando troca uma fralda ou faz algo pelo filho. Quem faz uma ajuda, não tem obrigação. Muitas vezes, a obrigação do pai é encarada como uma ajuda, e não como a divisão de tarefas com a mulher na criação dos filhos. É um tema muito importante e de grande relevância. Há uma consciência geral que precisa ser trabalhada para evoluir, por isso reunimos especialistas no assunto”, disse o presidente do Fórum Permanente da Criança, do Adolescente e da Justiça Terapêutica da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), desembargador Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, na abertura do webinar “Paternidade e Saúde da Criança”, realizada nesta terça-feira, dia 08.


Comemorando a “Semana do Bebê DEGASE”, o evento também contou com a presença da vice-presidente do Fórum, juíza Raquel Santos Pereira Chrispino; da juíza Ana Helena da Silva Rodrigues; do diretor-executivo do Centro de Criação de Imagem Popular (CECIP), Claudius Ceccon; do major da Polícia Militar e diretor-geral da DEGASE, Márcio de Almeida Rocha; e dos psicólogos Daniel Costa Lima, Letícia Penha e Eliana Olinda Alves, que foi a mediadora do encontro.


A vice-presidente do Fórum, juíza Raquel Chrispino, apresentou dados em sua exposição:


“Hoje, temos uma média de 7% no Rio de Janeiro que nascem todo dia sem um pai. Por ano, o estado também tem 220 mil nascimentos, o que significa 15 mil bebês, por ano, cujo registro civil de nascimento não tem pai. É muita gente. Além disso, não podemos deixar de dizer que o pai pode constar no registro, mas ser ausente. A falta de um pai, a ausência amorosa, tem deixado um grande vazio emocional. Somando-se a isso todos os anos, com os índices que já temos no passado, temos uma tragédia social invisibilizada, que precisamos tornar visível. Temos que trabalhar, juntos, para que a paternidade não seja descartável como está sendo”, disse.


Em sua fala, a juíza Ana Helena falou a respeito do programa “Pai Presente” e afirmou:


“O direito a paternidade é garantido pela Constituição Federal, e aqui no Brasil percebemos que temos um contingente de crianças, adolescentes e até mesmo de adultos que não possui a paternidade declarada na certidão de nascimento. Muitos sequer conhecem os pais”.


O major da Polícia Militar e diretor-geral da DEGASE, Márcio de Almeida, comentou sobre um novo ambiente na instalação para receber visitas e chamou a atenção:


“Temos uma realidade em que os visitantes que vêm acompanhar os adolescentes são representados pela mãe, e ter uma ferramenta com a qual existe a possibilidade de fazer o registro paterno e trazer essa figura para a área socioeducativa é muito importante. Nós percebemos como a falta de referência familiar impacta no comportamento dos adolescentes. Na última semana, inauguramos um espaço de espera para famílias, e nesse espaço tem dois banheiros. Decidimos fazer, dois, unissex, pois a presença de mulheres nas visitas é extremamente superior à masculina”, disse.


O evento foi dividido em dois dias, tendo sua segunda parte marcada para a próxima quarta-feira, dia 09, via plataforma Zoom e no canal oficial da EMERJ no YouTube.


Para acessar a transmissão do evento, acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=NCj8TcoUr2k&ab_channel=Emerjeventos



08 de setembro de 2020