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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



Liberdade de imprensa é tema de livro lançado na EMERJ


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“Hoje, trataremos de um tema muito importante e que interessa a todos. A Covid-19 é o grande tema de 2020, ano que parece não ter fim, então precisamos discutir os impactos e a vacina. A médica Margareth Dalcolmo tem prestado informações e serviços públicos da maior relevância, isto é, ela vem esclarecendo para a sociedade brasileira, e até mesmo para a internacional, o que está acontecendo no Brasil com a pandemia. Temos um número muito grande de mortos, algo absurdo; lamentamos profundamente e nos solidarizamos com todas essas milhares de pessoas e famílias que estão sofrendo. A vacinação é algo muito esperado por nós, pois, a partir dessa possibilidade, poderemos pensar em voltar com nossas vidas de forma diferente, que acredito não ser mais o ‘normal’, porque acho que o normal não voltará mais”, comentou a presidente do Fórum Permanente de Biodireito, Bioética e Gerontologia da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), juíza Maria Aglaé Tedesco Vilardo, na abertura do evento desta terça-feira, dia 06.


Convidada a participar do web-seminário “Covid-19: impacto e vacinas. O que esperar?”, a médica, pneumologista, membro dos Comitês de Ciência e de Contingência do Estado do Rio de Janeiro para a Covid-19 e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, foi elogiada pela presidente do Fórum: “O Brasil tem cientistas de ponta, da maior relevância e respeitabilidade internacional, e a Margareth é uma dessas profissionais”, disse.


“Estou na fila da vacina, sou uma das candidatas, pois os profissionais da saúde terão prioridade. Algo que me perguntam bastante é se quem já teve Covid-19 será vacinado, e a resposta é sim. Isso eu já adianto aqui. Eu já tive e serei vacinada”, disse a médica, iniciando sua fala.


Desde o começo da pandemia do novo coronavírus, mais de um milhão de pessoas já perderam a vida. A corrida contra o tempo na produção de uma vacina para a doença está sendo acompanhada de perto, com esperanças, por toda a população mundial. A pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo falou a respeito da vacina e das fases de produção.


“Hoje, temos quase 200 vacinas em produção no mundo, sendo 16 em fase clínica, das quais cinco ou seis estão na fase três de desenvolvimento. Muitas pessoas não são da área, então é importante explicar a respeito das fases. Os estudos passam por experimentos em animais, sejam ratos, primatas ou mamíferos, até que chega a fase um, que experimenta em um número pequeno de pessoas, que não corresponde a 100. Na fase dois, o estudo já reúne aproximadamente 600 pessoas. Com isso, vem a fase três”, disse.


A médica completou: “Nenhum órgão regulatório, de acordo com a Legislação que cobre ensaios clínicos - e aqui no Brasil, a ANVISA é extremamente rigorosa com isso -, aceita registrar um produto sem o desenvolvimento da fase três. Quando se trata de vacina, isso se torna ainda mais rigoroso, pois demanda um tempo de observação muito longo. Agora está acontecendo uma excepcionalidade, pois a vacina mais rápida que houve foi a da Influenza e levou quatro anos. Vacina é algo que demora. A fase três demanda a alocação de milhares de pessoas, devendo responder dois quesitos: se é segura, sem provocar muitos efeitos colaterais, e, se provocar, se são controláveis; e se ela é eficaz e eficiente”, explicou.


De mãos dadas com quem espera ansiosamente por uma vacina, há os que se recusam a tomá-las, um movimento que cresce cada vez mais no Brasil e no mundo, resultando no ressurgimento de doenças fatais possíveis de combater, algo que a médica considera criminoso.


“Estamos vivendo um horror nos dias atuais, que é a campanha antivacinação. Não querendo ser dramática ou exagerada, mas considero criminoso. Esses movimentos não poderiam ficar impunes, pois um pai ou uma mãe não vacina o filho, uma criança indefesa, com uma vacina que impedirá que ela morra. Aos que não sabem, o Brasil é um país que tem uma política de vacinação absolutamente extraordinária e tradicional. O país já foi premiado pelo Programa Nacional de Imunização, mas isso se enfraqueceu nos últimos anos devido à negligência de pessoas e grupos, e com os serviços básicos de saúde deixando de atender com a qualidade esperada”.


Para conferir a íntegra do evento, acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=gJN5DCJg4N0



07 de outubro de 2020