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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



Primeira reunião do Fórum de Direito, Arte e Cultura debate a sétima arte


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“Os princípios civilizatórios são princípios que nascem do Direito da Arte e da Cultura e são saberes que devem caminhar juntos. Nós precisamos romper com essa cultura do pragmatismo, do utilitarismo, porque é fundamental que o Judiciário e nós, que trabalhamos com o Direito resgatemos a importância da racionalidade e da ética, que são valores que só existem em comunicação com esses saberes importantes para a nossa formação”.

A declaração é da juíza Andréa Maciel Pachá, presidente do Fórum Permanente de Direito, Arte e Cultura, que promoveu, nesta quarta-feira, 26 de junho, o evento “Direito e Cinema”. Foi a primeira reunião do Fórum, que contou com a presença de magistrados e outros operadores do Direito e professores num debate aberto ao público.

O desembargador André Gustavo Corrêa de Andrade, diretor-geral da EMERJ, abriu o encontro ao lado da juíza Andréa Maciel Pachá e do advogado José Roberto Castro Neves, vice-presidente do Fórum.

“Falar em Direito em conexão com todas as formas de arte, para mim, é algo muito especial, porque o Direito se conecta com o mundo. O Direito não é aquele Direito dos livros, dos manuais. O Direito de verdade é o Direito da vida, e a Arte revela o Direito”, ressaltou o desembargador André Gustavo Corrêa de Andrade.

“O Direito é uma ordem valorativa e, portanto, é muito importante que o advogado, o juiz, enfim, que o aplicador do Direito tenha valores. Onde vamos colher esses valores? Onde está a sabedoria? Em grande parte está nas artes, nos grandes livros da História, no cinema. Então, quando nós vemos um filme e refletimos sobre o que ele está ensinando, construímos o nosso espírito crítico, que faz com que sejamos um melhor intérprete da lei”, destacou José Roberto Castro Neves.

Os desembargadores Luciano Saboia Rinaldi de Carvalho, presidente do Fórum Permanente de Processo Civil; Ricardo Couto de Castro e Marcus Antônio de Souza Faver foram os palestrantes. Também participam do encontro como expositores o juiz Renato Lima Charnaux Sertã, membro dos Fóruns Permanentes de Direito do Consumidor e de Direito, Bioética e Gerontologia; e os advogados Selma Ferreira Lemes e Hélio Saboya Filho.

Ao final do evento, foi lançado o livro “ Os Advogados Vão ao Cinema”, pelo advogado José Roberto Castro Neves, organizador da obra, que traz 39 ensaios inéditos. São textos de alguns dos mais destacados profissionais do Direito no Brasil, revelando o olhar de nomes importantes da área, que se voltam para a sétima arte. Os autores mesclam seu notável saber jurídico à apreciação dos mais variados filmes, que vão desde clássicos a produções voltadas para o grande público, e propõem aos leitores uma série de reflexões.

José Roberto Castro Neves falou sobre a organização da obra: “A ideia do livro foi chamar pessoas que são interessadas, que têm curiosidade intelectual, e dividir com a coletividade esses pensamentos, além de humanizar o agente de Direito. Muitas vezes o juiz ou o advogado ou o procurador é visto quase que como um inimigo da sociedade, quando é, muito pelo contrário, um grande amigo da sociedade”.

Na introdução do livro, Castro Neves diz: “Não há dúvida de que o cinema estabeleceu modelos, pautou nosso comportamento e fomentou a cultura da nossa civilização, a ponto até de se misturar com ela”. O desembargador Luciano Rinaldi, um dos autores, ressaltou: “Gostamos de filmes porque adoramos histórias, porque nossas vidas são grandes histórias em andamento”. O desembargador falou sobre o filme “Sociedade dos Poetas Mortos”: “É um filme arrebatador e obrigatório, que exulta o Carpe Diem, filosofia que simboliza a efemeridade da vida, que deve ser aproveitada intensamente, em cada instante, como se fosse o último”.

A advogada e professora Selma Ferreira Lemes, também uma das autoras, tratou do filme “A Dama Dourada” em seu ensaio. “É um filme muito interessante. É a história de uma senhora que tenta recuperar os bens da sua família confiscados pelos nazistas durante a II Guerra, na Áustria, entre eles, um quadro do pintor austríaco Gustav Klimt, considerado a Mona Lisa da Áustria. A questão é resolvida por arbitragem e o filme mostra aspectos do Direito Internacional Público e do Privado”, destacou a autora.

“Muitas vezes as atividades que podem ser consideradas lúdicas ajudam muito no dia a dia, faz com que você se torne uma pessoa mais sensível”, concluiu Selma Lemes.


26 de junho de 2019

Fonte: Assessoria de Comunicação Institucional da EMERJ