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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro



EMERJ debate abordagens interdisciplinares para pessoas que cometeram atos criminosos


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“Não existe outra alternativa se não for através do estudo ou do trabalho”, ressaltou a juíza Roberta Barrouin Carvalho de Souza, na abertura do evento “ Violência, Crime e Inserção Social”, nesta terça-feira (5), na EMERJ.

“Só quem está à frente de uma vara de execução penal sabe as dores e a tristeza de executar uma pena de alguém que obteve a liberdade e logo depois - dois ou três meses - volta para o sistema. Isso porque não teve apoio algum do Estado durante o tempo de prisão e, quando sai, não tem alternativa a não ser voltar para a vida do crime”, destacou Roberta Barrouin.

Roberta Barrouin, juíza auxiliar da Vara de Execução Penal há dez anos, contou que se preocupa muito com os egressos: “A ressocialização do preso é importante para todos, porque os apenados vão sair. Não existe pena perpétua ou pena de morte no Brasil, eles vão voltar, e se nós não fizermos nada por eles durante o tempo em que estão presos, vão voltar piores. E a nossa sociedade não vai ter jeito, é um ciclo vicioso, a violência vai se perpetuar”, concluiu.

O encontro foi aberto pelo desembargador Álvaro José Ferreira Mayrink da Costa, que agradeceu a presença dos convidados, os palestrantes e professores Alessandra Fontes Carvalho da Rocha (UFRJ) e Martinho Silva (UERJ). Sandra de Almeida Figueira, coordenadora do projeto experimental Ponte de Saberes, atuou como mediadora.

Professora da Faculdade de Educação da UFRJ, Alessandra Fontes Carvalho da Rocha trabalha com a área de linguagens e coordena, desde 2016, o curso de extensão “Eu Escritor”, que incentiva a escrita como autoanálise. O curso começou nas escolas municipais do Rio de Janeiro e, este ano, no Projeto Ponte de Saberes, que tem um trabalho interdisciplinar e trabalha com pessoas que estão com pagamento de penas alternativas.

“Além da escrita criativa, onde a pessoas faz uma autoanálise, há a escrita técnica, da inserção social, principalmente no mercado de trabalho, como a redação de um currículo ou a orientação da parte oral para uma entrevista de emprego”, explicou a professora.

“Como resultado, temos laços familiares retomados a partir da entrada no projeto, além do retorno à escola com o objetivo de reinserção no mercado de trabalho e com o desejo de ser membro produtivo dentro da sociedade”, concluiu.


5 de novembro de 2019